Na fé por uma grande causa
A repercussão nacional e internacional do caso do motorista Valdelúcio de Oliveira Gonçalves, que após ser declarado morto no Hospital Menandro de Faria foi encontrado vivo no necrotério da unidade e atribui seu surpreendente retorno a um milagre do Anjo Bom, chamou a atenção para as dificuldades que o projeto das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) de construção da Unidade de Radioterapia vem atravessando. O paciente, que já recebeu alta da Enfermaria de Oncologia da OSID, mas continua em tratamento contra um câncer, precisa da radioterapia, procedimento que será ofertado na instituição com a conclusão do novo núcleo.
Localizada ao lado da sede das Obras Sociais Irmã Dulce (Largo de Roma), a nova Unidade surge como um importante reforço no atendimento ao paciente oncológico, em função, justamente, da escassez na oferta desse serviço no estado – em Salvador, apenas os hospitais Santa Isabel, São Rafael e Aristides Maltez realizam atualmente a radioterapia através do Sistema Único de Saúde (SUS). A expectativa é que o novo centro atenda inicialmente em torno de 1 mil pacientes por mês, reduzindo assim a fila de espera na Bahia. A importância da agilidade no tratamento da doença é o ponto central, inclusive, da Lei 12.732/12 que entrou em vigor no ano passado em toda a rede pública de saúde do país. Segundo a lei, pacientes com câncer deverão começar o tratamento no SUS em, no máximo, 60 dias após o diagnóstico.
Com mais de 1.700 metros quadrados de área construída, 10 consultórios e modernos aparelhos para tratamento integral e gratuito do câncer, a Unidade de Radioterapia da OSID, cujas obras foram iniciadas em outubro do ano passado, está orçada em aproximadamente R$ 10,8 milhões. Desse total, R$ 5,1 milhões já foram repassados ao projeto pelo Ministério da Saúde e governo estadual e pouco mais de R$ 1 milhão foram arrecadados através de doações. Restam agora cerca de R$ 4,6 milhões para finalizar a implantação do centro oncológico. A esperança é que os recursos sejam obtidos antes da chegada do acelerador linear, equipamento que é o “coração” do novo serviço e que já está atravessando os mares em direção ao Brasil.
Carta – No início de setembro, Valdelúcio Gonçalves chegou a escrever uma carta ao governador do Estado, Jaques Wagner, pedindo ajuda para a conclusão da implantação da Unidade de Radioterapia das Obras. “Irmã Dulce já me salvou uma vez, me trazendo de volta à vida e agora vai me salvar de novo permitindo que minha radioterapia aconteça. Por favor, ajude Irmã Dulce a me ajudar, o hospital não tem mais dinheiro para terminar a obra da radioterapia”, diz um trecho da mensagem escrita por Valdelúcio. A carta foi entregue ao governador pelas mãos da superintendente da OSID, Maria Rita Pontes.