Cecília Cerqueira da Silva, de 10 anos, com deficiência múltipla, foi a primeira paciente atendida no novo consultório de odontologia do Centro Especializado em Reabilitação (CER IV) das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), primeiro serviço no Estado da Bahia preparado para o atendimento odontológico de pessoas com deficiência. Inaugurado nesta terça-feira (8), às 8h, com uma bênção do capelão da OSID, frei Mário Erky, na presença da gestora de Saúde das Obras Sociais, Lucrécia Savernini, o espaço localizado no bairro de Patamares passou por uma readequação física para retomar os atendimentos aos pacientes do CER IV, suspensos desde o início da pandemia do novo coronavírus, em março de 2020.
 
“Estamos felizes, porque voltaremos a acolher pessoas desassistidas, que estão passando por sofrimento em razão da ausência de assistência odontológica durante a pandemia. Consideramos esse consultório como uma oportunidade de manter vivo o legado de Santa Dulce dos Pobres, pois para muitos, representa a última porta e esta não pode fechar”, disse Rosinei Souza, líder do CER IV, numa referência ao serviço criado para acolher os pacientes com deficiência. Daniela Cerqueira, mãe de Cecília, que nos últimos meses viu quatro dentes de leite da filha amolecerem sem conseguir ajudá-la, deu seu testemunho: “É muito difícil encontrar um dentista para atender minha filha”.
 
Nesta nova fase, três cirurgiões-dentistas, apoiados por uma equipe multiprofissional, irão assistir à agenda, que neste mês de fevereiro disponibiliza atendimento a 28 pacientes em quatro turnos por semana. A partir de março, será acrescido mais um turno para acolher a demanda espontânea do estado, incluindo os casos de cirurgia odontológica bucomaxilofacial. “Somos o único serviço do SUS a utilizar a sedação inalatória (óxido nitroso), indicada na abordagem de pacientes com agitação psicomotora”, ressalta a cirurgiã-dentista Fátima Dultra, que há mais de 15 anos atua na área de Cirurgia Bucomaxilo da OSID, juntamente com o cirurgião-dentista Joaquim Dultra. Os profissionais pontuam ainda a possibilidade de contarem com o apoio do centro cirúrgico das Obras Sociais para os procedimentos que demandam a utilização de anestesia geral.
 
Para a cirurgiã-dentista Heloísa Laís, que há seis anos atua no CER IV, o serviço odontológico é essencial para a integralidade dos cuidados para pessoas com deficiência. “Estes pacientes chegam ao CER IV buscando ajuda em seu processo de reabilitação e a odontologia, dentro dessa lógica, também contribui para a qualidade de vida e autonomia”. Com esta proposta, na primeira consulta da pequena Cecília, Heloísa ensinou a paciente, que tem deficiência física e visual, a fazer uma boa escovação. A menina aprovou o procedimento, e só saiu do consultório depois de gravar um vídeo para o seu Instagram falando sobre a experiência: “Minha dentista nova é o meu amor”