Ninguém me quis, alguém me aceitou
Um painel pintado na parte externa do Complexo Santuário Santa Dulce dos Pobres vem chamando a atenção de quem passa pela Avenida Bonfim, na Cidade Baixa. A peça, que retrata Irmã Dulce acolhendo uma criança - representando os assistidos por seu legado de amor junto aos mais necessitados, traz em destaque a seguinte inscrição: “Ninguém me quis, alguém me aceitou”.
A cativante mensagem, que tem despertado a atenção de quem caminha pelo passeio do Santuário (entre o Dulce Café e o Memorial Irmã Dulce), foi originalmente escrita por um morador de rua, na década de 1970, no muro do antigo Hospital Santo Antônio, referindo-se à Santa Dulce, que o abrigou. Já a emocionante arte que compõe o atual painel foi criada pelo artista visual Yure Uzeda, que, com extrema sensibilidade, trouxe no traçado a essência do Amar e Servir do Anjo Bom do Brasil.
Uzeda, que também é vendedor ambulante e atua nas imediações das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), revela que a criação da peça foi a realização de um sonho: “Sempre que passava por aqui já me imaginava desenhando Santa Dulce, mas não comentava com ninguém. Até que um anjo apareceu para comprar vinte picolés; conversou comigo e, após descobrir meu talento, me convidou para pintar. Foi algo inexplicável”.
Yure Uzeda conta que também se inspirou em uma fotografia clássica de Irmã Dulce da década de 1980, na qual ela abraça um dos residentes do orfanato que fundou, em Simões Filho - hoje uma escola de tempo integral, o Centro Educacional Santo Antônio (CESA).
Seja para um breve registro fotográfico ou em um momento de pura contemplação e reflexão, a parada diante do painel de Yure, e de sua forte mensagem, é um verdadeiro convite a seguir o exemplo da Mãe dos Pobres; a continuar fazendo, da obra nossa de cada dia, uma singela expressão de seu amor sem medida.