Papa será presenteado com imagem e terço em homenagem à futura santa
Uma imagem e um terço. Pelas mãos de duas mulheres, ambas empresárias e devotas de Irmã Dulce, foram criadas as peças votivas que deverão chegar às mãos do Papa Francisco no próximo dia 13 de outubro, quando a freira baiana for proclamada santa. Embora não se conheçam, Florbela da Conceição Carvalho Lima e Maria das Dores Pinheiro Sena passaram as últimas semanas dedicadas à criação de objetos que carregam um tanto de sua arte e muito de sua fé com o mesmo propósito: homenagear o Anjo Bom da Bahia.
O terço criado por Maria das Dores é uma joia feita em ouro 18 quilates, com topázios azuis lapidados, um crucifixo e uma medalhinha de Irmã Dulce. “É uma peça delicada e tem a cor que ela gostava. Eu quis fazer esta homenagem, pois, por tudo o que fez pelos mais carentes, a nossa santa merece ser coberta com todas as preciosidades da vida”, diz Maria, revelando sua “felicidade de saber que o terço será abençoado pelo Papa”.
A empresária mineira conheceu a Mãe dos Pobres, quando veio morar em Salvador, na década de 1970. “Sou testemunha do belo trabalho que Irmã Dulce fez”. Ela e o marido, João, costumavam oferecer doações às Obras, sempre “recebidas com carinho” pela freira. “Lembro-me de ter doado alguns lençóis que eu mesma costurei, acreditando que a caridade faz mais sentido quando feita com nossas próprias mãos”, conta. Essa memória afetiva se tornou inspiração para Maria das Dores desenhar o terço em homenagem àquela que será a primeira santa brasileira do nosso tempo.
Foram também os valores simbolizados pelo Anjo Bom da Bahia que inspiraram Florbela Lima em sua intervenção artístico na imagem da freira baiana. É como se cada pérola que cobre a escultura de gesso de 30 centímetros representasse uma das ações da freira ao longo de quase seis décadas dedicadas ao acolhimento dos mais pobres entre os pobres. A empresária que nasceu em Angola e vive na Bahia, não chegou a conhecer Irmã Dulce pessoalmente, contudo, desde o primeiro contato com as Obras Sociais vem apreendendo o significado do legado de amor da Mãe dos Pobres.
Atendendo a uma solicitação da cunhada fez a primeira imagem de Irmã Dulce, anos atrás. Optou por trabalhar com a mesma técnica – a aplicação de meia pérola sobre a escultura – mas inovou usando cor: o azul e o preto do hábito icônico da freira. Depois dessa, vieram muitas outras encomendas, incluindo a peça de 80 centímetros que pode ser vista na recepção da Unidade de Oncologia da instituição. “Quando terminei esse trabalho fiquei com a imagem em minha casa durante uma semana para ter um tempo de contemplar e fazer meus pedidos”, conta. Apesar de já ter feito muitas imagens de santos e várias peças de Irmã Dulce, Florbela se surpreendeu com o pedido mais recente. Nunca imaginara fazer uma imagem com o duplo propósito de homenagear a religiosa pela sua canonização e presentear o Papa Francisco: “Para mim é uma honra, um privilégio. Nem estou acreditando”.