Vestes originais usadas no sepultamento de Irmã Dulce serão expostas pela primeira vez ao público
Fortes emoções aguardam para este mês os fiéis e admiradores da vida e obra de Irmã Dulce espalhados pelo Brasil e exterior. Considerada, depois do próprio corpo da freira baiana, sua relíquia mais importante, as vestes originais utilizadas no sepultamento da Mãe dos Pobres serão expostas pela primeira vez ao público no Memorial Irmã Dulce (MID), localizado em Salvador, no Largo de Roma. A exposição, que será aberta no dia 22 de maio (domingo), às 10h, marca as homenagens aos cinco anos da cerimônia que beatificou a religiosa, que desde então passou a se chamar Bem-Aventurada Dulce dos Pobres. “São as roupas que ela usava quando foi sepultada em 1992. Entre as peças, dispostas na mesma posição em que estava o corpo, estão o véu, o hábito oficial, o escapulário azul que é o símbolo de sua congregação (Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus) e as meias, além do medalhão que ela sempre usou”, explica Osvaldo Gouveia, assessor de Memória e Cultura das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID). A instalação estará aberta à visitação de terça a domingo, das 10h às 17h, até o dia 7 de agosto.
Intitulada “Cinco anos de Beatificação... A caminho da Canonização”, a exposição, segundo Osvaldo, chama a atenção também pelo impressionante estado de conservação da roupa que envolveu o Anjo Bom: “Depois de tantos anos, as vestes não se degradaram. Foram quase duas décadas desde o sepultamento até a retirada das peças, em 2010, por conta da exumação e trasladação do corpo”. Outro aspecto curioso é a presença de características que assemelham as vestimentas com o conhecido Santo Sudário ou o Sudário de Turim – uma peça de linho que traz impressa a imagem de um homem com marcas e sinais de quem foi crucificado e que muitos acreditam ser a que envolveu o corpo de Jesus Cristo após a crucificação. “No caso das vestes de Irmã Dulce, é como se fosse uma impressão do corpo dela sobre o tecido. Por exemplo, o local onde ficavam as pernas dela estão marcadas no hábito”, comenta Osvaldo.
Uma solenidade irá oficializar a abertura da exposição, no dia 22 de maio, às 10h, no MID, evento que contará com a participação de devotos da beata, além de funcionários, pacientes, moradores, voluntários, religiosos e estudantes da OSID. Promovida pela Assessoria de Memória e Cultura da entidade, a instalação contará também com outras peças em exibição, como o tecido que envolveu o caixão da Bem-Aventurada; fragmentos do terço que foram encontrados também no caixão, além de imagens da época do sepultamento e textos de frei Vandeí Santana, reitor do Santuário da Bem-Aventurada, e de frei Mário Erky, capelão das Obras Sociais, abordando a importância das relíquias (termo utilizado para designar o corpo, parte do corpo ou objetos pertencentes a beatos ou santos).
O Anjo - Em 26 de maio de 1914 nascia, na cidade de Salvador, Maria Rita de Souza Brito Lopes Pontes. O interesse pela vida religiosa começou a se manifestar já no início da adolescência, quando Maria Rita, aos 13 anos de idade, já atendia doentes no portão de sua casa, no bairro de Nazaré. Em 1933, a jovem ingressa então na Congregação das Irmãs Missionárias da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Convento de Nossa Senhora do Carmo, em São Cristóvão (Sergipe). No mesmo ano, recebe o hábito e adota, em homenagem à sua mãe, o nome de Irmã Dulce.
Em 1935, Irmã Dulce inicia um trabalho assistencial nas comunidades carentes, sobretudo nos Alagados, conjunto de palafitas que se consolidara na parte interna do bairro de Itapagipe, em Salvador. Em 1949, Irmã Dulce ocupa um galinheiro ao lado do convento inaugurado em 1947, após a autorização da sua superiora, com os primeiros 70 doentes. A iniciativa deu origem a tradição propagada há décadas pelo povo baiano de que a Serva de Deus construiu o maior hospital da Bahia a partir de um simples galinheiro. Já em 1959, é instalada oficialmente no local a Associação Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) – instituição que abriga atualmente um dos maiores complexos de saúde 100% SUS do Brasil, com 4,6 milhões de atendimentos ambulatoriais por ano.
Irmã Dulce morreu no dia 13 de março de 1992, aos 77 anos, no Convento Santo Antônio, situado no bairro de Roma. Ela foi beatificada no dia 22 de maio de 2011. Irmã Dulce está atualmente em processo de canonização, etapa em que é necessária a aprovação de um novo milagre atribuído à intercessão do beato. No momento da canonização, o Santo Padre, em virtude da sua infalibilidade, declara que o beato está entre os santos do céu e inscreve o nome da pessoa na lista oficial (cânon) dos Santos da Igreja.
As relíquias – Logo após sua morte, Irmã Dulce foi sepultada na Igreja da Conceição da Praia. Em 2000, com o início do processo de beatificação, seus restos mortais foram então transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio. Atualmente, eles estão localizados na chamada Capela das Relíquias, uma sala circular, com pé direito triplo, tendo ao centro o túmulo que guarda as relíquias da Mãe dos Pobres. Espaço de devoção e fé, a Capela das Relíquias está localizada no Santuário da Bem-Aventurada Dulce dos Pobres, também no Largo de Roma. A capela foi aberta no dia 9 de junho de 2010, quando os restos mortais da então Venerável Dulce foram transladados – rito que marcou o último ato antes da proclamação solene da religiosa como beata pelo Papa Bento XVI. A transferência para o local foi feita após a exumação do corpo da religiosa para a retirada das suas relíquias e de uma vigília. Desde então o espaço está aberto à visitação dos fiéis e admiradores da vida e obra do Anjo Bom.