Seja um doador de medula óssea
26 de July de 2011
[caption id="attachment_1126" align="alignleft" width="296" caption="Jornalista da Ascom OSID, Alan Amaral fez sua primeira doação de medula"][/caption]
A doação de órgãos e tecidos é um ato de solidariedade e, muitas vezes, a única chance de cura para o paciente. Mas no caso da medula óssea, encontrar um doador compatível é muito difícil, algo em torno de um pra 100 mil. Por isso, quanto mais gente cadastrada, maiores as chances dos que contam com esse gesto. A doação de medula óssea, tema de uma campanha promovida pela Unidade de Coleta e Transfusão da OSID, é um procedimento seguro. Para o doador, apenas um incômodo passageiro. Para o doente, a diferença entre a vida e a morte.
O Brasil já é o terceiro maior banco de dados do gênero no mundo, com 2 milhões de doadores voluntários. Segundo o Registro Nacional de Doadores de Medula Óssea (Redome), gerenciado pelo Instituto Nacional de Câncer (INCA), o país está atrás apenas dos Estados Unidos (5 milhões) e da Alemanha (3 milhões). Na OSID, em dois anos, a Unidade de Coleta cadastrou 2.517 doadores de medula, sendo 1.605 (63,7%) só em 2010. “A gente tem conquistado o doador na hora, porque é raro o que vem determinado a isso”, informa a assistente social, Carla Pedroso.
A informação tem sido uma aliada na luta pela vida. Na última década, o Redome teve um aumento de 16.000% no número de cadastrados e de 240% (2003-2009) no número de transplantes entre não-aparentados. Atualmente, cerca de 1.200 pessoas aguardam um doador compatível.
Fique por dentro
Também chamada de “tutano”, a medula óssea é um tecido gelatinoso que ocupa o interior dos ossos. É nela que são produzidos os componentes do sangue. O transplante (substituição da medula doente por uma saudável) é recomendado em pacientes com doenças que afetam as células do sangue, como leucemias, anemia aplástica e linfomas. A doação é feita em centro cirúrgico, sob anestesia, e tem duração de aproximadamente duas horas, sendo que em poucas semanas a medula do doador já estará totalmente recuperada.
PINGUE-PONGUE
O jornalista da ASCOM OSID, Alan Amaral, passou, em janeiro deste ano, pela alegria única de doar vida. Nesta entrevista, ele conta sua experiência.
Dulce Notícias – Conte como foi que você decidiu se cadastrar como doador voluntário.
Alan Amaral - Há uns quatro anos, atendendo a um pedido de uma amiga cujo sobrinho necessitava de um transplante de medula, fiz uma coleta de sangue e com isso o cadastro. Infelizmente, não fui considerado compatível para aquele caso.
DN - Quando foi avisado de que sua medula era compatível com alguém que precisava de um transplante, ficou surpreso?
AA - A notícia só chegou em meados do ano passado e me pegou de surpresa. Fiquei entusiasmado e comecei a pesquisar mais sobre o tema. A responsabilidade e a vontade de fazer logo a doação só aumentavam, pois sei como é difícil encontrar um doador, principalmente entre pessoas não aparentadas. Já a identidade do paciente não foi revelada. Soube apenas que era uma garota e que ela estava com leucemia.
DN - Como foi o processo até que você fosse autorizado a fazer a doação? E a família?
AA - Fui informado que era preciso fazer mais três exames para confirmar a compatibilidade. Lembro, na época, da alegria e da cara de surpresa dos funcionários do Hemoba a cada teste positivo. Alguns diziam que nunca tinham visto alguém chegar sequer ao segundo exame de confirmação, mas, felizmente, fui aprovado em todos. O resultado final chegou em dezembro de 2010 e em janeiro deste ano foi marcada a cirurgia em Belo Horizonte. A família apoiou minha decisão desde o início, embora eles sempre manifestassem um pouco de medo e insegurança quanto ao transplante.
DN - Doar a medula é doloroso? Você se sentiu seguro com a assistência que teve?
AA - Doar medula não é doloroso e minha recuperação foi rápida. É uma doação segura, que exige todos os cuidados necessários a qualquer procedimento feito em centro cirúrgico. Essa sensação de segurança me acompanhou desde o início, pois tive toda a assistência dos profissionais do Redome e da própria equipe médica do Hospital das Clínicas de Minas Gerais, onde fiz a doação no dia 28 de janeiro deste ano. Todas as providências, até mesmo passagem e hospedagem, foram tomadas pelo Instituto Nacional de Câncer.
DN - A moradia e identidade da receptora ainda são mantidas em sigilo? Você tem alguma notícia dela?
AA - Não sei seu nome, nem em qual estado ela reside, mas no mês passado recebi a notícia que tanto aguardava. Fui informado que o transplante foi um sucesso, que ela está totalmente recuperada e que já voltou pra casa. Disseram que a partir deste mês, quando a doação completar seis meses, poderei trocar correspondências com ela e, após outros seis meses (são regras do processo), poderemos nos encontrar.
DN - Diante de tudo o que você vivenciou, qual a sensação que fica? Mudou alguma coisa dentro de você?
AA - A sensação de quem descobre, depois de uma forte experiência, que sua passagem por esta vida já valeu a pena. Eu costumo dizer que não houve uma doação, e sim uma troca. Embora eu tenha doado minha medula, foi ela quem me proporcionou, mesmo sem conhecê-la, a verdadeira felicidade. Isso não tem preço.
Informe-se
Na Unidade de Coleta e Transfusão da OSID você pode se informar sobre o cadastro e a doação de medula. O site do Instituto Nacional de Câncer (INCA) também é uma excelente fonte. Procure no link: www.inca.gov.br.