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CRPD reintegra moradores às suas famílias

03 de January de 2011

O Centro de Reabilitação e Prevenção de Deficiências, CRPD, fechou o ano de 2010 com um saldo inédito de oito reintegrações familiares. Graças ao esforço da equipe técnica em promover a reaproximação de moradores do núcleo com suas famílias, Lucivaldo, Maria Isabel, Vivaldo, Diego Ribeiro, Mário Sérgio, Bartolomeu, Antônio Conceição e Mônica puderam voltar para casa depois de um longo período sob o acolhimento da OSID.

A maioria chegou à instituição por necessitar de cuidados que a família não conseguia prover. Com o tempo, os vínculos e referências familiares foram se perdendo, assim como as informações sobre a história de cada um. Institucionalizados, os moradores perderam a possibilidade de uma convivência familiar e comunitária.

Também chamado de “desinstitucionalização”, o processo de reintegração familiar é realizado de forma cuidadosa e muito criteriosa. Envolve a localização e busca ativa das famílias dos moradores, o resgate de suas histórias de vida e das razões que os levaram a ser institucionalizados, o fortalecimento dos vínculos familiares e, por fim, a reintegração dos moradores às suas famílias de origem, com acompanhamento posterior. Isso pode demorar meses ou anos.

O delicado trabalho da equipe técnica do CRPD junto às famílias se intensificou a partir de 2004, motivado pelo Movimento da Reforma Psiquiátrica Brasileira e pelo cres­cente reconhecimento internacional sobre o tema da deficiência. Essa política de ressocialização alimenta uma nova forma de pensar a assistência, favorecendo o direito e a vontade do morador e reconhecendo a aptidão de sua família para acolhê-lo. “A dinâmica permite aos moradores uma porta de saída da instituição, desconstruindo o mito de que, além da impossibilidade de cuidar dos seus filhos pela falta de recursos materiais, essas famílias não têm competência e capacidade para fazê-lo”, argumenta a líder do CRPD, Laura Queiroz.

Vida nova

Originário de Monte Santo, Vivaldo Santana da Silva, 36 anos, foi deixado no CESA (Orfanato) pela madrasta com a idade de 10 anos e, posteriormente, transferido para o CRPD. A partir de 2004, a instituição deu início à busca da família, seguida de contatos com vistas à recuperação dos vínculos familiares. Em 2010, sua mãe expressou o desejo de ter o filho de volta. A equipe ativou a Rede Social de Apoio (PSF, CAP’S e Posto de Saúde) de Monte Santo e Vivaldo retornou ao convívio familiar no mês de abril, após 26 anos de internação.

Proveniente de via pública, sem referência familiar e sem documento de identificação, Bartolomeu da Silva, 60 anos, foi acolhido na Unidade Médico Social, hoje, CMSALP, aos 37 anos de idade. A família foi localizada em 2002, mas alegando dificuldades financeiras e habitacionais, não se responsabilizou pela alta do paciente. Foi transferido para o CRPD em 2007. Em novembro de 2010, com o recebimento do Benefício LOAS por sua condição de idoso, Bartolomeu manifestou desejo de morar com a mãe e foi aceito pela família, voltando para casa após 23 anos de internação na OSID.

Residente no município de Lages, Maria Isabel Jesus Santos, 36 anos, foi acolhida no CRPD aos 18, por solicitação de um tio materno, para que a mãe pudesse realizar cirurgia. Com o tempo, a internação deixou de ser provisória. A partir de 2004, depois de diversas ações que envolveram reuniões no CRPD e visitas domiciliares a Lages, Maria Isabel foi reintegrada à família no mês de junho, 18 anos após sua internação.

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