Icone coração Doações Icone coração Ouvidoria

Vaticano reconhece milagre de Irmã Dulce

27 de October de 2010

A Congregação para a Causa dos Santos do Vaticano reconheceu, através de voto favorável e unânime de seu colégio de cardeais e bispos, a autenticidade de um milagre atribuído à Irmã Dulce, cumprindo, dessa forma, a última etapa do processo de beatificação da religiosa. O anúncio foi feito na manhã desta quarta-feira (dia 27) pelo arcebispo D. Geraldo Majella Agnelo, em coletiva realizada na sede das Obras Sociais Irmã Dulce, em Salvador. De acordo com o cardeal, antes do Natal o Papa Bento XVI assinará o decreto oficializando a concessão do título de Beata ou Bem-aventurada à freira baiana. Com o reconhecimento final do Papa, Irmã Dulce passará a se chamar “Bem-aventurada Dulce dos Pobres”. Um dia após o decreto papal, o processo de canonização da bem-aventurada já poderá ser iniciado. Já a cerimônia de beatificação do Anjo Bom do Brasil está programada para o primeiro semestre de 2011, no Parque de Exposições.

O milagre validado pelo Vaticano passou por três etapas de avaliação: uma reunião com peritos médicos (que deram o aval científico), com teólogos, e, finalmente, a aprovação final do colégio cardinalício, tendo sua autenticidade reconhecida de forma unânime em todos os estágios. Uma graça só é considerada milagre após atender a quatro pontos básicos: a instantaneidade, que assegura que a graça foi alcançada logo após o apelo; a perfeição, que garante o atendimento completo do pedido; a durabilidade e permanência do benefício e seu caráter preternatural (não explicado pela ciência). “O milagre apresentado no processo foi examinado meticulosamente por especialistas do Brasil e de Roma. Um reconhecimento que vem mais uma vez confirmar a vida de virtudes de Irmã Dulce – trajetória essa baseada na total dedicação aos pobres e doentes”, afirmou D. Geraldo.

A graça – Segundo o médico Sandro Barral, um dos peritos que participou do processo de análise do milagre, a graça validada ocorreu em 2001, em uma cidade do interior do Nordeste. “Foi um caso de pós-parto, onde a paciente apresentava um quadro de forte hemorragia não controlável. Em um período de 18 horas, por exemplo, ela chegou a passar por três cirurgias, mas o sangramento não cessava. Contudo, sem nenhuma intervenção médica, a hemorragia subitamente parou e a paciente passou a ter uma impressionante recuperação”, explica.

Conforme relatos da época, o fim do sangramento ocorreu no mesmo instante em que um grupo de orações pedia a intercessão de Irmã Dulce em favor da parturiente. “A corrente de orações foi proposta por um sacerdote, contemporâneo de Irmã Dulce, que chegou, inclusive, a enviar para a família dela um pedaço de tecido do hábito (relíquia) que pertenceu à religiosa”, comenta o assessor de Memória e Cultura das Obras, Osvaldo Gouveia.

Ainda segundo dados do processo, ao ser chamado ao hospital onde a parturiente estava, o médico que a atendia achou na ocasião que estava indo assinar seu atestado de óbito, em virtude da gravidade da situação, mas ao chegar ao local encontrou a mãe já recuperada do sangramento e com o bebê em seus braços. A identidade da paciente e o local do milagre só poderão ser revelados um mês antes da cerimônia de beatificação de Irmã Dulce.

Histórico – A causa de beatificação de Irmã Dulce foi iniciada em janeiro de 2000. A validação jurídica do virtual milagre foi emitida pela Santa Sé em junho de 2003. Em abril de 2009, o Papa Bento XVI reconheceu as virtudes heróicas da Serva de Deus Dulce Lopes Pontes, autorizando oficialmente a concessão do título de Venerável à freira baiana. O título é o reconhecimento de que Irmã Dulce viveu, em grau heróico, as virtudes cristãs da fé, esperança e caridade.

O voto favorável e unânime da Congregação para a Causa dos Santos para o título de Venerável foi concedido em janeiro de 2009 pelo colégio de cardeais, bispos e teólogos após a análise da Positio – documento canônico misto de relato biográfico e das virtudes e resumo dos testemunhos do processo. Os teólogos que estudaram a vida e as obras da freira a definiram como a “Madre Teresa do Brasil”, pelas semelhanças do seu testemunho cristão com a Beata de Calcutá, sendo “um conforto para os pobres e um exame de consciência para os ricos”.

Logo após sua morte, em 1992, Irmã Dulce foi sepultada na Igreja da Conceição da Praia. Em 2000, com o início do processo de beatificação, seus restos mortais foram transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio (na sede das Obras Sociais Irmã Dulce). No dia 9 de junho de 2010 foi realizada a exumação e transferência das relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) da Venerável Dulce para sua capela definitiva, localizada na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus. A Capela das Relíquias foi construída na própria Igreja da Imaculada Conceição, erguida no local do antigo Cine Roma e do Círculo Operário da Bahia, construídos pela freira na década de 40.

Vaticano reconhece milagre de Irmã Dulce