Cirurgia do “ouvido biônico” é tema de curso na OSID
As Obras Sociais Irmã Dulce (OSID) promovem nos próximos dias 18 e 19 de março, no Hospital Santo Antônio (Largo de Roma), um inédito curso sobre Implante Coclear, procedimento conhecido como cirurgia do “ouvido biônico”. Além de discutir os avanços científicos no tratamento de pacientes portadores de deficiência auditiva, o evento irá apresentar ainda os resultados do primeiro ano de funcionamento na OSID de um programa que vem possibilitando, pela primeira vez na Bahia, a realização de cirurgias do implante através do Sistema Único de Saúde. “A partir desse curso, vamos divulgar para a comunidade científica, gestores públicos e a população em geral os benefícios sociais de uma iniciativa que vem garantindo aos pacientes uma melhor qualidade de vida, além de maiores chances de superação das limitações que a deficiência auditiva pode trazer”, ressalta o coordenador do serviço de Otorrinolaringologia do hospital, Eduardo Barbosa.
Segundo explica, estima-se que existam atualmente no estado cerca de 800 mil pessoas portadoras de deficiência auditiva. Esse tipo de limitação apresenta como conseqüência atraso no desenvolvimento da linguagem, dificuldades na escolarização e profissionalização, além de problemas sociais de inclusão. “Todos os graus dessa deficiência necessitam de aconselhamento e acompanhamento especializado, entretanto, as perdas auditivas severas e profundas precisam de tratamento humanizado e de alta tecnologia para uma reabilitação satisfatória. Neste caso, o Implante Coclear aparece como um recurso eficaz”, afirma. Mais informações sobre o curso podem ser obtidas nos telefones 3310-1232 e 3310-1381.
Conhecido como ouvido biônico, o implante caracteriza-se como um avançado dispositivo eletrônico, que estimula diretamente as fibras remanescentes do nervo auditivo. Tal estimulação permite a transmissão do sinal elétrico via nervo auditivo até a decodificação no córtex auditivo central. O funcionamento do dispositivo difere do Aparelho de Amplificação Sonora Individual (AASI). Enquanto o AASI apenas amplifica o som, o implante fornece impulsos elétricos para estimulação das fibras neurais remanescentes em diferentes regiões da cóclea, possibilitando ao usuário a capacidade de perceber o som.
Desde o início de suas atividades, o Núcleo de Reabilitação Auditiva da OSID já realizou com sucesso 25 cirurgias de Implante Coclear nas mais variadas faixas etárias. Atualmente, estão na lista de espera 50 casos em estágio final de análise e 100 pacientes aguardando a avaliação da equipe. “Todos os indivíduos submetidos ao implante encontram-se em processo de inserção social, com melhoras significativas de compreensão auditiva e produção vocal”, destaca.
São considerados candidatos ao uso do implante, crianças a partir dos 10 meses e adultos que apresentam deficiência auditiva sensorioneural bilateral de grau severo a profundo e que não obtiveram resultados satisfatórios com o AASI. No caso dos adultos surdos pré-linguais é necessário que apresentem adaptação prévia com AASI, façam boa leitura orofacial e tenham sido acompanhados por terapia fonoaudiológica. De acordo com Eduardo, as causas mais comuns de surdez pré-lingual (antes da aquisição da linguagem) estão relacionadas a episódios como rubéola congênita, citomegalovírus, sofrimento fetal, toxoplasmose e prematuridade. “Já as causas mais comuns de surdez pós-lingual (após aquisição de linguagem) são meningite, traumatismo craniano e surdez súbita”, observa.
Núcleo de Reabilitação – Desde sua fundação, as Obras Sociais Irmã Dulce atuam como um centro de referência, pesquisa e assistência na área de saúde em todo o estado. O Núcleo de Reabilitação Auditiva da OSID é credenciado no Sistema Único de Saúde como um núcleo de atendimento de alta complexidade no tratamento das deficiências auditivas através do Implante Coclear. Em funcionamento no Hospital Santo Antônio, a unidade dispõe de uma ampla estrutura física, técnica e científica, além de uma equipe treinada e capacitada para realizar todos os procedimentos de avaliação pré e pós-operatória do programa.
A equipe de Implante Coclear das Obras é composta por fonoaudiólogos, otorrinolaringologistas, assistentes sociais, psicólogos, neurologistas, entre outros profissionais. Cada membro participa das avaliações pré e pós-cirúrgicas. Um mês após a cirurgia o paciente retorna para a ativação dos eletrodos e é encaminhado para acompanhamento fonoterápico, voltando ao setor periodicamente para mapeamentos do dispositivo e avaliação com os demais profissionais do núcleo.