Exposição das relíquias de Irmã Dulce
As relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) de Irmã Dulce serão expostas pela última vez à visitação da população e dos fiéis nos próximos dias 8 e 9 de junho. A exumação e transferência (transladação) de suas relíquias para a capela definitiva, localizada na Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, será o último ato antes da proclamação solene de Irmã Dulce como Bem-aventurada (Beata) pelo Papa Bento XVI. O anúncio oficial pelo cardeal D. Geraldo Majella Agnelo deve ocorrer até o final do ano. As relíquias de Irmã Dulce permanecerão na igreja e poderão ser vistas durante a vigília de fiéis, que se inicia às 20h do dia 8 de junho e segue até a manhã seguinte.
No dia 9, às 10h, o arcebispo D. Geraldo celebra uma missa solene. Logo após a celebração eucarística, D. Geraldo irá selar as relíquias que serão transferidas para a nova capela. O acesso à cerimônia de transladação, após a missa, será reservado às autoridades eclesiásticas, mas o ato será transmitido por telões. Após a cerimônia, o novo túmulo da Venerável Dulce na Capela das Relíquias - já lacrado - será também aberto à visitação.
A Capela das Relíquias foi construída com materiais doados pela comunidade na própria Igreja da Imaculada Conceição, erguida no local do antigo Cine Roma e do Círculo Operário da Bahia, construídos pela freira na década de 40. Logo após sua morte, em 1992, Irmã Dulce foi sepultada na Igreja da Conceição da Praia. Em 2000, com o início do processo de beatificação, seus restos mortais foram transferidos para a Capela do Convento Santo Antônio (na sede das Obras Sociais Irmã Dulce), onde atualmente se encontram suas relíquias.
Após o reconhecimento oficial por parte da Igreja de que Irmã Dulce durante sua vida exerceu as virtudes de modo heróico, ela foi declarada Venerável pelo Papa em abril de 2009. Agora, a causa de beatificação da religiosa aguarda apenas a validação final do milagre estudado pela Congregação da Causa dos Santos, o qual teve o aval jurídico concedido pelo Vaticano em junho 2003. O processo de beatificação de Irmã Dulce já cumpriu dois estágios de sua etapa final, entre os quais, reuniões com teólogos e peritos médicos (que dão o aval científico ao milagre). Após a exumação e transferência de suas relíquias no dia 9 (ato de extrema importância para a fase final do processo), os fiéis aguardam apenas a aprovação final do colégio cardinalício e o decreto papal para celebrar sua beatificação.
Segundo Gaetano Passarelli, professor de História Bizantina e Espiritualidade Oriental da Universidade Roma III, da Pontifícia Universidade Antoniana e do Pontifício Instituto Oriental e consultor histórico da Congregação da Causa dos Santos do Vaticano, a exumação é um rito muito antigo. “Os restos mortais (relíquias) de uma pessoa ‘venerável’ são retirados da terra, ou de uma sepultura, semelhante a de pessoas ‘normais’ para ser elevado solenemente de forma a demonstrar seu caráter ‘extra-ordinário. Após a exumação, suas relíquias serão colocadas na igreja e expostas de forma solene para serem reverenciados como os de uma pessoa ‘santa’”, explica.
“A sua vida foi uma confissão do primado de Deus e da grandeza do homem filho de Deus, até mesmo onde a imagem divina parece obscurecida, degradada e humilhada.” (trecho do ‘Voto III’ da Congregação da Causa dos Santos no documento que avalizou, por unanimidade, a concessão do título de Venerável a Irmã Dulce).