Emoção e fé na exposição das relíquias de Irmã Dulce
Milhares de fiéis e admiradores da vida e obra de Irmã Dulce lotaram a Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus, no Largo de Roma, para acompanhar a cerimônia de transferência das relíquias do Anjo Bom do Brasil. Em uma manhã de orações e cânticos de louvor, funcionários, pacientes e voluntários da OSID uniram-se à multidão, formada por baianos e visitantes de outras regiões do país, em um clima de homenagens que tomou conta da missa solene celebrada pelo cardeal D. Geraldo Majella. Já passava das 12h do histórico dia 9 de junho quando, ao som do Hino do Senhor do Bonfim, uma chuva de pétalas brindou os olhares que em festa acompanhavam o cortejo rumo à Capela das Relíquias.
Uma semana de recordações que começou ainda na noite anterior à missa quando, na Capela Santo Antônio, seus ‘filhos’ se reuniram a alguns fiéis para lembrar com emoção as orações ensinadas e as músicas com as quais Irmã Dulce os ninava na infância. Canções como ‘Alecrim Dourado’, que Raimundo Rocha, profissional da OSID, entoou. Depois, saindo da capela, uma procissão iluminada por velas trazendo as relíquias da Venerável Dulce executava os primeiros passos rumo à nova casa da freira baiana. A emoção seguiu durante a vigília que atravessou a madrugada.
Gestos de carinho traduzidos também nas orações e nos depoimentos de populares e autoridades civis e eclesiásticas, em reconhecimento ao legado de amor do Anjo Bom da Bahia. “Irmã Dulce nos deixa a mensagem de que todos nós devemos sair do egoísmo e sermos verdadeiramente servidores uns dos outros”, declarou D. Geraldo logo após a cerimônia de transladação. Para Dilzete Santos, 62 anos, o momento foi de reencontro e de agradecimento. “É uma grande emoção revê-la. É preciso que essa obra seja cada vez mais reconhecida”, afirmou.
Presente à celebração, o governador Jaques Wagner aproveitou para destacar a importância do trabalho social de Irmã Dulce para as futuras gerações e os efeitos desse legado no desenvolvimento da saúde junto à população. “Vim aqui prestar minha homenagem a essa que foi a maior representante do SUS no país. É uma ocasião também para refletirmos sobre certos valores que andam se perdendo no mundo moderno, a exemplo da família, fé, espiritualidade e caridade”. Para o prefeito de Salvador, João Henrique, as manifestações durante a exposição das relíquias foram mais uma prova da força da freira baiana junto aos mais necessitados. “É um novo momento onde podemos perceber o quanto significou a vida de Irmã Dulce para os mais pobres”.
Encerrada a celebração, fiéis de todas as idades voltaram a iniciar, em uma devoção incansável, uma nova marcha, desta vez em direção à Capela das Relíquias e ao túmulo da Venerável Dulce, já lacrado e em repouso na sua morada definitiva. Expostas pela última vez à visitação da população e dos fiéis, as relíquias (termo utilizado para designar o corpo ou parte do corpo dos beatos ou santos) de Irmã Dulce encontraram na cerimônia de transferência o último ato antes da proclamação solene da religiosa como Bem-aventurada (Beata) pelo Papa Bento XVI. O processo aguarda agora a validação final do milagre estudado pela Congregação da Causa dos Santos, o qual teve o aval jurídico concedido pela Igreja em junho de 2003, além da aprovação final do colégio cardinalício e o decreto papal para celebrar a beatificação. A expectativa é que o anúncio oficial, feito pelo cardeal D. Geraldo Majella, ocorra até o final deste ano.
Capela das Relíquias – Abrigo definitivo das relíquias da Venerável Dulce, o novo túmulo da freira baiana já está aberto à visitação da população e dos fiéis durante todos os dias, no horário das 7h às 18h, na Capela das Relíquias. Construída com materiais doados pela comunidade, a nova capela está localizada na própria Igreja da Imaculada Conceição da Mãe de Deus – erguida no local do antigo Cine Roma e do Círculo Operário da Bahia, construídos por Irmã Dulce na década de 40.
A edificação do endereço que hoje abriga o túmulo do Anjo Bom do Brasil só foi possível graças à união e os esforços de benfeitores como os milhares de devotos que participaram da Campanha do Tijolinho, além de empresas e entidades como Associação dos Comerciantes de Materiais de Construção da Bahia (Acomac); Associação Comercial da Bahia; Associação de Dirigentes de Empresas do Mercado Imobiliário da Bahia (Ademi); Aracruz Celulose; Carpintaria Reis; Comitê de Fomento Industrial (Cofic); Cyrela Andrade Mendonça; Fundação Jesus, Maria, José; Leão Engenharia; Paraguaçú Engenharia; Pedreiras Valéria S/A, e o Sindicato de Mármores e Granitos da Bahia (Simagran).