Em seus oito primeiros dias de funcionamento o Serviço de Neurocirurgia do Hospital do Oeste, em Barreiras (a 853 km de Salvador), já atendeu a cinco casos graves evitando a morte de dois pacientes por falta de atendimento especializado e a transferência de outros três para unidades da capital do estado ou de Brasília (distante 622 km). Focado em cirurgias de urgência, o serviço – até então inédito em toda a região – está disponível 24 horas e beneficia uma população em torno de 800 mil habitantes num raio de mais de 400 km. A primeira cirurgia, programada como eletiva para o dia 27 de junho, foi a do recém-nascido portador de hidrocefalia Arthur Mikal da Silva. Retirado da ventilação mecânica no dia seguinte, o bebê passa bem e já foi transferido para a unidade de tratamento semi-intensivo neonatal, onde vai ganhar mais peso até poder voltar para casa. A segunda paciente, uma senhora de 57 anos, permanece estável na UTI adulto depois de ser submetida à primeira craniotomia (drenagem de hematoma intra-cerebral). Moradora da zona rural de Santa Rita de Cássia (município vizinho), ela bateu a cabeça ao cair da carroceria de um caminhão. “A pancada foi muito séria, a paciente não teria resistido se não houvesse o serviço aqui”, coloca o neurocirurgião Luiz Fernando Reis. Vítima de hemorragia cerebral, outro paciente – um senhor de 51 anos – também teria morrido, caso não fosse operado nesta quarta-feira (04 de julho). Outros dois pacientes submetidos a neurocirurgias permanecem em recuperação na UTI do Hospital do Oeste: uma senhora de 87 anos acometida de um AVC (acidente vascular cerebral) e um rapaz de 18 que teve o crânio fraturado, vítima de uma paulada. “A transferência desses pacientes para centros como Brasília ou Salvador, numa UTI móvel equipada, não sairia por menos de R$15 mil”, comenta Reis, que avalia a neurocirurgia como “de extrema importância para o atendimento hospitalar da região Oeste”, e espera um aumento gradual no fluxo de pacientes com a divulgação do serviço.