Centrinho realiza estudo para a prevenção de fissuras
16 de January de 2006
O Centrinho das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), em parceria com a Universidade de Iowa (EUA), está desenvolvendo estudo que visa aferir a eficácia do ácido fólico – uma vitamina do complexo B – na prevenção de fissuras orais não sindrômicas ( que não são associadas a outras doenças ou síndromes). Já foi comprovado cientificamente que esta substância diminui a ocorrência ou recorrência de defeitos do ‘tubo neural’, estrutura embrionária que dá origem ao cérebro e à medula espinal, que podem originar anomalias lábio palatais. O trabalho agora realizado através do Programa de Prevenção de Fissuras Orais, que conta também com a participação do Centrinho de Bauru (SP) e do Hospital das Clínicas de Porto Alegre (RS), objetiva definir qual a dosagem mais eficaz para a prevenção das fissuras lábio palatais, que também são uma deficiência de formação do tubo neural. Os estudos iniciados em novembro de 2005 podem levar de um a três anos.
Na unidade das Obras, a intenção da equipe de pesquisadoras é contar com pelo menos 100 voluntárias que tenham entre 16 e 45 anos, em grupo de risco – devem apresentar algum tipo de fissura, labial ou palatina, ou já ser mãe de um fissurado. As participantes do estudo, após a realização de entrevista e recebimento de informações sobre os detalhes da pesquisa, serão divididas em dois grupos que receberão gratuitamente comprimidos contendo doses diferentes do ácido fólico: 0,4mg ou 4mg. Nem pesquisadores nem voluntários sabem qual dosagem é dada a cada pessoa – esta informação fica apenas sob o controle dos pesquisadores em Iowa. Os comprimidos devem ser tomados até o terceiro mês de uma possível gestação, período em que o feto humano já está completamente formado.
Isso explica a restrição a mulheres que já tenham feito laqueadura ou que, por outro motivo, não possam engravidar. “A pesquisa busca medir qual a dosagem de ácido fólico mais eficaz na prevenção dessas más formações que ocorrem durante a gestação. Por isso a importância das voluntárias ainda poderem engravidar”, justifica a fonoaudióloga Fernanda Queirós, uma das responsáveis pelo programa na OSID. Também é vedada a participação de mulheres com outras síndromes associadas, que façam uso de medicamentos para conter convulsões, pois estes alteram os efeitos do ácido fólico, ou que sejam casadas com primos ou outro parente próximo. Até o início de janeiro, as pesquisadoras do Centrinho já haviam conseguido a adesão de 22 voluntárias, todas em tratamento ou com passagem pelo núcleo. Todas as dúvidas podem ser tiradas pessoalmente ou pelo telefone 0800-284-5284.
Incidência – As fissuras orais não-sindrômicas ocorrem aproximadamente 3,6 em cada mil nascimentos entre americanos, e são progressivamente menos comuns em asiáticos (2,2 / 1.000, japoneses; 1.7 / 1.000, chineses), caucasianos (1/1000) e afro-americanos (0,3 / 1000). O tabagismo e fatores nutricionais maternos são apontados como um dos principais fatores que favorecem a incidência das fissuras. Há uma diminuição dos riscos de fissura em mulheres que, durante a gravidez, fazem uso de ácido fólico e suplementação vitamínica. A eficácia do ácido fólico na prevenção de defeitos do tubo neural já foi comprovada em vários estudos que mostram que o uso de 0,4mg previne ocorrências primárias e 5mg diminui os riscos de recorrência.