Resultados prévios apontam 100% de eficácia de vacina contra HPV
14 de October de 2005
O Laboratório Merck Sharp e Dohme (MSD) anunciou no último dia seis de outubro resultados prévios de sua pesquisa com a vacina contra o HPV (papiloma vírus humano). Os resultados apontam que a vacina impediu 100% de pré-cânceres de alto grau e cânceres de colo do útero não invasivos associados aos tipos 16 e 18 do vírus. O estudo denominado Future II faz parte do programa contínuo de estudos clínicos de Fase III da vacina, quando a experiência é feita junto a grande contingente populacional, de diferentes etnias e em diversas partes do mundo.
Em Salvador, o Núcleo de Apoio à Pesquisa das Obras Sociais Irmã Dulce (NAP) foi um dos 14 centros participantes dos estudos no Brasil e o único do Norte e Nordeste. Desde o início das pesquisas em 2002, a equipe do núcleo vem acompanhando 270 pacientes que, além de tomar as vacinas, receberam orientação sobre as maneiras de evitar a contaminação pelo HPV.
A investigadora principal do grupo de pesquisa em HPV, Laura Koutsky, da Universidade de Washington, disse que os dados divulgados esta semana são os primeiros a indicar que a vacina recombinante quadrivalente contra os tipos 6, 11, 16 e 18 do HPV reduzem a incidência de cânceres. Os dois primeiros tipos causam 90% das verrugas genitais, enquanto os dois últimos são responsáveis por 70% dos cânceres cervicais. Esta fase da pesquisa envolveu 25 mil pessoas em 33 países.
A médica ginecologista Carina Adami, do NAP/OSID, considerou importantes os dados já anunciados pelo MSD, porém ressalta que ainda são informações prévias. “Ainda é necessário passarmos pela quarta fase da pesquisa da vacina, quando será concedida a liberação pelos órgãos responsáveis para a comercialização”, disse a médica. Mas ela ressalta que outros dados positivos podem ser também apresentados.
“Enquanto acompanhamos cada uma dessas pacientes há um trabalho de educação em saúde, de conscientização que é muito importante ressaltar”, diz Carina. Devido ao nível de pessoas atendidas pela Obras de Irmã Dulce ser predominantemente das classes C, D e E, é também grande a desinformação sobre métodos contraceptivos, sobre a importância do uso de preservativos para conter a disseminação de DSTs.
Prevenção – Enquanto ainda não chega ao mercado a vacina que imuniza mulheres conta o Papilomavírus Humano e não se concluem os testes em homens (são 181 voluntários até o mês de outubro), a prevenção é a maneira mais correta de evitar lesões ou problemas mais graves como cânceres de colo do útero, pênis e ânus. Preservativos, como a camisinha, não impedem o contágio, já que o vírus do HPV se espalha por toda a região genital, e não apenas no pênis.
Tentar manter o mínimo de parceiros sexuais também é uma medida preventiva. No caso das mulheres, o preventivo ginecológico ou Papanicolau aponta pelo menos 90% dos casos de HPV. Os homens também devem procurar o urologista caso haja o aparecimento de verrugas ou outras lesões na região genital. Todo o trabalho de informação e conscientização tem sido permanente, não só quando à transmissão do vírus do HPV, mas também alusivos a outros tipos de DSTs. O importante é que cada voluntários das pesquisas, tanto da vacina em homens quando em mulheres, acabam se tornando agentes disseminadores dessas informações.
Estudos científicos mostram que a contaminação por HPV está associada a 85% dos casos de câncer de ânus, 50% dos casos de câncer de vulva, vagina e pênis, 20% dos casos de câncer de orofaringe e 10% dos casos de câncer de laringe. “É muito importante que os homens também sejam sensibilizados para combater o HPV porque a mulher está muito exposta à contaminação e pode desenvolver o quadro mais grave da doença que é o câncer de colo uterino”, alerta o infectologista Edson Moreira, coordenador do NAP/OSID.
“Nosso interesse é pela relevância da doença que tem um efeito devastador na população, principalmente na camada social mais desassistida. A vacina terá resultados excelentes no controle desse grave problema de saúde pública", justifica o coordenador do NAP. A médica Carina Adami ressalta ainda que a chegada aos quatro anos de trabalho não significará o fim do acompanhamento de pacientes. “As pacientes que são acompanhadas pelo NAP serão atendidas na Clínica da Mulher da OSID”, ressalta. O mesmo procedimento deve ser adotado com os homens que começam a ser também vacinados.
Contato: Dra. Carina Adami (ginecologista e pesquisadora do NAP): 8842 - 7583