NAP inicia pesquisa de vacina contra o HPV em homens
08 de May de 2005
O Núcleo de Apoio à Pesquisa das Obras Sociais Irmã Dulce, após participar de uma pesquisa mundial patrocinada pelo laboratório Merck Sharp&Dome que desenvolveu recentemente vacina contra o HPV (Papilomavírus Humano) em mulheres, inicia o que se pode chamar de segunda etapa dos trabalhos, agora com a realização dos testes em homens. Cerca de 50 homens já foram “recrutados” como voluntários até o momento no núcleo da OSID. A vacina contra o HPV em mulheres deve ser lançada no segundo semestre de 2006. A expectativa é a de que o período entre o início das pesquisas e o lançamento da vacina masculina, caso sejam também satisfatórios os resultados de combate ao vírus em homens, seja de quatro a cinco anos.
No Brasil, cinco centros participam da pesquisa da vacina contra o HPV em homens, e a OSID é a única representante do Norte e Nordeste. Os voluntários receberão, em um ano, três doses da vacina, e serão acompanhados por mais dois anos. No caso das mulheres, o produto do laboratório Merck teve 90% de eficácia contra a contaminação pelo vírus e 99% de eficácia contra o desenvolvimento da doença. A vacina protege contra quatro tipos de HPV (existem mais de uma centena): o 6 e o 11, causadores de tumores benignos, e o 16 e 18, que provocam 70% dos casos de câncer de colo do útero, que causam cerca de 300 mil mortes por ano em todo o mundo. A pesquisa será feita também agora com os homens porque é provado que os papilomavírus causam lesões no pênis (condilomas ou verrugas) e também no ânus.
O alvo das pesquisas será homens com idades entre 16 e 23 anos, período em que se detecta uma menor taxa de contaminação pelo HPV. “A vacina, se comprovada sua eficácia, deve ser aplicada em jovens, adolescentes que ainda não tenham iniciado a vida sexual, agindo assim como um imunizante”, ressalta o médico urologista Antônio Luiz Guimarães, do NAP/OSID.
Prevenção – Enquanto ainda não chega ao mercado a vacina que imuniza mulheres contra o Papilomavírus Humano e não se concluem os testes em homens, a prevenção é a maneira mais correta de evitar lesões ou problemas mais graves como cânceres de colo do útero, pênis e ânus. Preservativos, como a camisinha, não impedem o contágio, já que o vírus do HPV se espalha por toda a região genital, e não apenas no pênis. Tentar manter o mínimo de parceiros sexuais também é uma medida preventiva. No caso das mulheres, o preventivo ginecológico ou Papanicolau aponta pelo menos 90% dos casos de HPV. Os homens também devem procurar o urologista caso haja o aparecimento de verrugas ou outras lesões na região genital.
Estudos científicos mostram que a contaminação por HPV está associada a 85% dos casos de câncer de ânus, 50% dos casos de câncer de vulva, vagina e pênis, 20% dos casos de câncer de orofaringe e 10% dos casos de câncer de laringe. “É muito importante que os homens também sejam sensibilizados para combater o HPV porque a mulher está muito exposta à contaminação e pode desenvolver o quadro mais grave da doença que é o câncer de colo uterino”, alertou o infectologista Edson Moreira, coordenador do NAP/OSID, destacando a relevância da doença, que tem um efeito devastador nas camadas mais desassistidas da população.