Aluna do CESA conquista prêmio de excelência musical do NEOJIBA
O ano de 2020 foi um período de provas para os estudantes – e professores – que rapidamente precisaram se reinventar numa estrutura de ensino virtual. Mas para Ana Vitória Ribeiro Santana, 14, aluna do Núcleo de Práticas Musicais (NPM), do Centro Educacional Santo Antônio (CESA) - unidade de educação das Obras Sociais Irmã Dulce (OSID), todo o esforço para aprender a tocar violino em meio a inúmeros desafios foi literalmente premiado. Ela foi a vencedora do Prêmio Integrante/Categoria Excelência Musical, na primeira edição do Prêmio NEOJIBA, criado pelo Núcleos Estaduais de Orquestras Juvenis e Infantis da Bahia (NEOJIBA) para valorizar seus integrantes que mais se destacaram neste ano de tantas adversidades. Além de Ana, a premiação, anunciada no último dia 16, teve outros 13 contemplados em cinco categorias.
“Eu nunca imaginei que ia ganhar esse prêmio de excelência musical, porque não me achava capaz. Chorei muito, muito. O prêmio representa uma vitória; significa que estou avançando mais, que estou crescendo”, declara Ana Vitória, tentando traduzir um sentimento e uma história. Sua fala é sobre superação. Aluna do 7º ano do Ensino Fundamental do centro educacional da OSID, Ana iniciou sua prática musical em março deste ano, logo após o mundo ter sido surpreendido pela pandemia do novo coronavírus. Ela não tocava violino e tinha que conviver com alguns fatores limitantes do aprendizado: a perda auditiva profunda em um dos ouvidos, problemas na fala e dificuldade de interação em sala de aula. Ingressou no NEOJIBA a pedido da direção do CESA “para estimular seu desempenho geral”, como pontua Rita Assis, coordenadora pedagógica do Ensino Fundamental II do CESA.
Alexandre Guimarães, coordenador do NPM/CESA, ressalta que “essas questões faziam com que Ana Vitória se sentisse com pouca capacidade. Contudo, nunca foram limitadoras para ela no NEOJIBA”. Ele estava certo. Nos meses seguintes, a aluna retribuiu o voto de confiança com um desempenho surpreendente e para além de sua habilidade com o violino: “Ela encantou a todos com progresso também na área vocal”. Para Alexandre, “isso é ainda mais notável, pois não chegou a ter nenhuma aula presencial tanto com o instrumento quanto na área coral”.
Apoios essenciais – Em um contexto de distanciamento social, o aprendizado do instrumento foi uma tarefa árdua, mas não solitária. Ana Vitória evoluiu cercada de apoios essenciais. Para Alexandre, “a habilidade da instrutora de violino, Priscilla Figueiredo, em buscar soluções para a aluna, foi fundamental”. Neste sentido, o prêmio também coroa o trabalho da professora, que recebeu a notícia com grande alegria, pois reconhece o “crescimento musical de uma aluna participativa e estudiosa”. Priscilla avalia o quão desafiante foi “trabalhar com música começando do zero”, em formato para aulas em EAD (Ensino a Distância), mas afirma que sua pupila “mostrou que há, sim, possibilidades. Não foi fácil, mas conseguimos”.
Ainda ressaltando o trabalho em conjunto, Alexandre cita duas outras participações importantes no processo de aprendizagem de Ana Vitória: a ação do projeto Apadrinhe, do NEOJIBA, formado por integrantes das principais orquestras do programa, que proporciona o compartilhamento dos conhecimentos; e o envolvimento da família da jovem instrumentista.
É aqui que entra em cena o protagonismo da mãe de Ana Vitória, a dona de casa Vivian Ribeiro Santana. “Peguei no pé dela”, diz, entre gargalhadas. À rotina da filha única foi acrescentando uma hora de ensaio por dia, conciliando “a brincadeira e os estudos”. Aos poucos, a mãe também encontrou suas próprias tarefas até assumir um papel que chama de “segunda professora” de Ana Vitória. Nesta função, coube desde um incentivo do tipo, “vamos minha filha, você consegue”, até pesquisar na internet sobre as músicas indicadas no programa de estudo. Vivian conta que muitas vezes também se pegou solfejando alguma nota, ainda que seus conhecimentos musicais não passem de “alguma noção teórica”, apreendida na orquestra da congregação religiosa que integra. Sua motivação vem da alegria de ver a filha descobrindo habilidades que não conhecia.
A trajetória crescente dessa menina que tem a vitória no nome tem um significado importante para o CESA, como pontua José Passos Júnior, líder do núcleo: “É com muita alegria que recebemos a informação da premiação de Ana Vitória, reforçando que, se proporcionamos as ferramentas, os resultados aparecem”. Avaliando o impacto de um evento como esses nos processos de aprendizagem, Rita Assis afirma que a experiência da aluna traz esperança no futuro: “Considerando estar há tão pouco tempo no NEOJIBA e, ainda assim, obter um desempenho de excelência tão concorrido, só nos comprova a importância de mantermos no CESA um programa de educação que favorece as várias dimensões do desenvolvimento humano”.